O uso de recursos naturais com responsabilidade é uma realidade no setor de rochas ornamentais. As ações já começam antes mesmo da mineradora iniciar a exploração de uma lavra. Isso porque, as empresas devem atender a uma série de normas e rígidas regulamentações, além de garantir contrapartidas ambientais.
Entre as práticas sustentáveis, podemos destacar a proteção de fontes hídricas, reciclagem de refugos e reutilização de água no processo de corte. Além disso, as empresas se comprometem a regenerar as jazidas já esgotadas com ações de reflorestamento, reduzindo a pegada de carbono.
Com o passar do tempo, foi possível perceber que o setor evoluiu para mitigar os impactos da indústria na natureza. Exemplo deste fato é o processo de corte de rochas, que foi revolucionado com o uso do tear multifios diamantados. O processo dispensa o uso de cal e granalha durante a serragem, tornando o rejeito muito mais limpo.
Atualmente, os resíduos do corte e polimento de rochas são desidratados, prensados e guardados em depósitos licenciados pelo Governo. Esses materiais depois podem ser utilizados em indústrias de diversos segmentos. A lama líquida também tem destino certo em várias empresas e associações que reciclam e reutilizam o resíduo no processo industrial.
Pedaços de blocos, cacos de pedras e até mesmo o calcário que resta no processo de corte, por exemplo, viram matéria-prima para cosméticos, adubo, pavimentação, saneamento e outros departamentos da construção civil.
Resíduos do processo de extração e beneficiamento dos mármores também são utilizados como insumos nas indústrias química e agrícola para a fabricação de fertilizantes, rações, tintas, plásticos, peças automotivas e até mesmo na produção de creme dental.
Após passarem pelos processos de britagem, moagem e micronização, os resíduos de rochas ornamentais também podem ser usados para a fabricação de cadeiras, solados de calçados e revestimentos de cabos elétricos.
Recentemente, a mineradora Samarco passou a utilizar um produto originado a partir do beneficiamento de mármore na produção de pelotas produzidas na companhia. Mais uma prova de que alternativas não faltam para os materiais que sobram do processamento de rochas ornamentais.
O projeto para a utilização do FIBRO (Fino do Beneficiamento de Rochas Ornamentais) é uma parceria entre a Samarco e o setor de rochas ornamentais que, por meio de entidades como o Sindirochas, busca alternativas para que a utilização do FIBRO seja realizada de maneira normatizada e não apenas em casos excepcionais.
A regulamentação possibilitará maior segurança aos técnicos envolvidos na análise e liberação dos projetos que envolvam o saudável aproveitamento do resíduo gerado pelo segmento.
Sustentabilidade é entender os recursos naturais e usá-los de maneira inteligente, para que eles continuem existindo no futuro. Conscientes desse papel, as empresas do setor de rochas desenvolvem ações concretas que fazem a diferença no ambiente em que estão inseridas. Algumas das ações que podemos destacar são:
Os retalhos de rochas que restam no processo de beneficiamento também têm chamado a atenção de designers, arquitetos e artistas que buscam criar peças de valor agregado e viés socioambiental, visando a economia circular.
Brasileiros como Lucas Recchia, Tiago Curioni, Carol Gay, Michael Zanghelini e Nara Ota são exemplos de profissionais que enxergam valor em cacos de pedras e outras sobras do processo de beneficiamento das rochas naturais. Com técnica e criatividade, eles revivem os materiais que estavam sem uso em indústrias e marmorarias.
A ideia é retornar o valor àquilo que ninguém mais queria, utilizando um material natural, que não contém quaisquer produtos químicos ou toxinas nocivas e que conta com a menor taxa de emissão de CO2 na produção, se comparado a outras opções de revestimentos sintéticos.
Optar pela rocha natural é escolher ser sustentável e estar conectado com a terra e com a natureza. Ao contrário de um porcelanato, por exemplo, a rocha natural não acaba quando é removida de um ambiente. É possível reciclá-la e fazer a inserção dela em outro espaço, em outras construções e até mesmo em obras de arte. A reutilização das rochas é a prova de que as pedras naturais continuam vivas, mesmo que em diferentes formas.