Grandes obras e projetos que utilizam rochas naturais
A história da arquitetura não pode ser contada sem que as rochas naturais sejam mencionadas. As pedras não são apenas elementos de construção, mas também portadoras de informações valiosas sobre a história, tecnologia, cultura e sociedade das épocas em que foram utilizadas.
Diversas obras clássicas e icônicas do mundo incorporam rochas ornamentais em suas construções, destacando a diversidade de técnicas e de materiais disponíveis ao longo da história da humanidade. Confira alguns exemplos:
Taj Mahal (Índia)
O Taj Mahal, icônico mausoléu situado em Agra, na Índia, é classificado pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade e também uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno.
Construído entre os anos de 1632 e 1653, o monumento em mármore branco foi erguido em memória de Aryumand Banu Begam, esposa preferida do imperador Shah Jahan.
Segundo diz a história, o palácio foi construído como forma de homenagear ‘Mumtaz Mahal’ (ou “A joia do palácio”), como era conhecida Aryumand, que morreu depois dar à luz ao 14º filho.
O mármore utilizado no Taj Mahal é conhecido como Makrana, que é extraído da região que leva o mesmo nome da rocha, no estado de Rajasthan, na Índia.
Segundo constam os relatos, o mármore foi cuidadosamente esculpido para criar os intrincados detalhes arquitetônicos e ornamentais que adornam o monumento. A riqueza de detalhes impressiona.
Além do mármore branco, outras pedras preciosas e semipreciosas também foram utilizadas para incrustações e detalhes decorativos do palácio, incluindo jaspe, ágata, coral, lápis-lazúli e turquesa.
Grande Muralha da China (China)
A impressionante Muralha da China possui cerca de oito mil quilômetros de extensão e foi criada por ordem do primeiro imperador chinês Qin Shihuang, no século 3 a.C., para defender a região de invasores nômades do norte da Ásia.
A construção da Grande Muralha abrangeu várias dinastias durante séculos. Por conta das diferenças de materiais, condições de relevo, projetos e técnicas de construção, e até mesmo da situação militar vivida por cada dinastia, os trechos da muralha apresentam variações.
A maior parte das seções da Muralha — principalmente nas áreas onde a resistência era fundamental — foi construída usando uma combinação de pedras e terra compactada. Granito, calcário e arenito foram alguns dos tipos de pedras utilizados.
Por conta de sua incrível história e majestosa arquitetura, o monumento é considerado uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno.
Coliseu de Roma (Itália)
O Coliseu, também conhecido como Anfiteatro Flaviano, é um dos maiores símbolos da arquitetura italiana. O monumento foi construído sob o governo do imperador Vespasiano em 72 d.C. e foi concluído em 80 d.C., sob o regime do seu sucessor e herdeiro, Tito.
A construção tem como base principal concreto, tijolos e pedras - como mármore, travertino, ladrilho e tufo (pedra calcária com grandes poros).
Conta a história que as rochas mais duras e resistentes eram usadas nas partes mais importantes da estrutura. Já o travertino, por exemplo, que possui textura e aparência únicas, foi usado para revestir a fachada externa do Coliseu.
O travertino também foi usado para criar as colunas e as decorações arquitetônicas do monumento.
A construção foi incluída pela Unesco na lista dos Patrimônios da Humanidade e também eleita, em 2007, como uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno.
Basílica de São Pedro (Vaticano)
A Basílica de São Pedro, no Vaticano, é o maior e mais importante edifício religioso do catolicismo do mundo. A construção do templo envolveu uma ampla variedade de materiais ao longo dos séculos, devido à sua elaboração prolongada e aos diferentes estilos arquitetônicos incorporados. O principal e mais presente material usado na construção da basílica é o mármore.
A rocha foi usada para revestir pisos, paredes e colunas, além de servir de matéria-prima para esculturas e estátuas assinadas pelos mestres da era renascentista como Michelangelo.
Entre os diferentes tipos de mármore que foram usados para criar uma aparência rica e diversificada na basílica, podemos destacar: Mármore Carrara, Paonazzetto, Botticino, Seravezza, mármore de Siena, Verde Antico, Portasanta e outros.
O granito também foi usado no local, principalmente em elementos estruturais e para criar uma base sólida para a construção. Ele também foi usado em colunas e revestimentos de áreas específicas.
Já o travertino foi usado para criar colunas, paredes e outras características arquitetônicas da basílica, conferindo textura e aparência únicas ao monumento.
Mosaicos coloridos com diversos tipos de mármores também foram usados para decorar muitos dos espaços interiores da basílica. Eles adicionam um toque artístico único ao ambiente.
Casa Branca (Estados Unidos)
A Casa Branca, residência oficial e local de trabalho do presidente dos Estados Unidos, é uma das estruturas mais representativas e simbólicas do país, com uma importância arquitetônica que vai além de sua função. A construção é um símbolo nacional e um ícone da democracia norte-americana.
Com uma mistura de estilos, mas principalmente incorporando elementos do neoclássico, a Casa Branca tem uma história rica e já testemunhou muitos eventos significativos da história dos Estados Unidos.
Várias rochas naturais se destacam na construção do monumento, entre elas, a pedra calcária branca da região de Aquia Creek, na Virgínia, pedra que dá à residência sua característica cor branca e é responsável pelo nome do palácio.
O mesmo tipo de mármore usado para revestir a parte externa da Casa Branca também foi usado na construção de algumas partes do edifício, como lareiras, pisos e elementos arquitetônicos.
O mármore de Vermont, conhecido por sua durabilidade e beleza, foi usado em lareiras, escadas e outros detalhes do interior da residência. Os mármores Carrara, de Tennessee e Alabama também foram usados na ornamentação da Casa.
Angkor Wat (Camboja)
O Angkor Wat é um complexo impressionante de templos situado em Siem Reap, no Camboja, considerado como a maior estrutura religiosa já construída e um dos tesouros arqueológicos mais importantes do mundo.
A construção é um símbolo do Camboja, que aparece na bandeira do país, e é a principal atração turística da região. O complexo abriga várias estruturas antigas e foi declarado Patrimônio da Humanidade em 1992 pela UNESCO.
O monumento foi construído entre os séculos IX e XV, durante o Império Khmer, e envolveu principalmente rochas naturais extraídas da região em que está situado.
O arenito é a pedra mais usada na construção do Angkor Wat. A rocha sedimentar, que pode ser facilmente esculpida, foi usada nas elaboradas decorações e relevos nas paredes, torres e galerias do templo.
Para construir as fundações e bases das estruturas do Angkor Wat foi usada a laterita. Já as famosas estátuas dos guardiões, conhecidas como "dvarapalas", que protegem as entradas do templo, foram feitas em basalto.
A habilidade dos antigos construtores em trabalhar com essas rochas naturais e criar a arquitetura intrincada e os detalhes decorativos do Angkor Wat é uma demonstração impressionante do conhecimento e da engenhosidade da época.
Opera House de Sydney (Austrália)
A Ópera de Sydney, na Austrália, é um dos marcos arquitetônicos mais famosos do mundo. Ela foi projetada pelo arquiteto dinamarquês Jørn Utzon e sua construção ocorreu entre 1959 e 1973.
O monumento impressionante possui um desenho radicalmente inovador e é composto por conchas interligadas e brilhantes que tornaram o edifício o principal ponto turístico do país.
Na construção do local foram usadas várias rochas naturais, principalmente o granito. A rocha foi usada na base e nas fundações da Ópera de Sydney, que foram construídas usando blocos retirados de pedreiras locais.
Um detalhe que impressiona é que as conchas projetadas para o telhado da estrutura parecem flutuar sobre a plataforma de granito, que possui cor rosa avermelhada.
O uso criativo e engenhoso dos materiais usados no espaço reflete a visão do arquiteto Jørn Utzon e sua abordagem inovadora na criação deste marco arquitetônico.
